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Nota pública do CEBI em defesa da democracia

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Nota pública do CEBI em defesa da democracia

Estimados/as caminhantes do Evangelho e as/os que ousam lutar por construir uma sociedade justa, igualitária e, de acordo com as antigas tradições, numa terra distante dos males. O Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos (CEBI) vem através desta nota declarar publicamente sua posição em nosso cenário político e de eleições em que, se coloca para cada cidadão, a condição de optar por um governo militarista, moralista e ditatorial ou por um governo democráticosócio popular e participativo.

Foi de acordo com o Evangelho e com a Leitura Popular da Bíblia que o CEBI cultivou, nos quarenta anos de sua história, uma leitura à serviço da vida e em defesa dos pobres. E neste momento crítico para a democracia brasileira, o CEBI não poderia, em hipótese alguma, declarar apoio a propostas militaristas, moralistas e ditatoriais. Não esqueçamos que o CEBI nasceu “pobre e sem palácios”, seguindo o sopro do vento novo ao colocar a Bíblia na defesa e na contramão de práticas sociais, políticas, econômicas e religiosas que oprimem e matam a vida e a dignidade.

Por que dizemos NÃO para um governo militarista, moralista e ditatorial? Por que dizemos SIM para a proposta de um governo popular, democrático e participativo? Por que quem lê a Bíblia à serviço da Vida e na defesa da vida digna, não vota em Jair Bolsonaro. E mesmo reconhecendo os erros e as corrupções praticadas por políticos que compuseram os governos e o congresso federal nos últimos 30 anos, precisamos entender que foi nesse governo que tivemos abertura para fiscalizar e punir os envolvidos, mesmo os que ocupavam cargos dentro do governo. Precisamos fortalecer a democracia através da integridade das instituições públicas, e não alimentar o culto a um juiz celebridade que flerta com os poderes mais podres e sujos do país.

Quem é a favor da vida do povo, vota em Fernando Haddad!
Quem é a favor da justiça social, vota em Haddad!

É inconcebível alguém que lê a Bíblia à serviço da vida optar por um governo ditatorial, antidemocrático e contrário aos Direitos Humanos.

Apresentamos três razões não votar em Jair Bolsonaro:

  1. O candidato não apresentou e não tem um projeto (plano) de governo. Quando questionado sobre pontos cruciais como trabalho, saúde, educação, cultura, lazer, liberdade, direitos humanos, entre outros, as respostas dele e de seu vice (algumas vezes depois de declarações é desautorizado), estão aquém das conquistas históricas dos trabalhadores, das trabalhadoras, das camadas populares, das mulheres, dos jovens, dos indígenas, dos negros e negras.
  2. Suas posições fomentam violências contra as mulheres, homossexuais, negros, indígenas, pobres, favelados e nordestinos. Tudo se resolve na bala. Através do seu discurso impõe o medo, além de seguir uma receita militar e terrorista de legitimação de atos fascistas.

    Aliás, como teólogos, teólogas, biblistas, agentes de pastoral, lideranças eclesiais e ecumênicas é incompreensível que tais posturas se apresentem como cristãs ou quiçá seja parte de um projeto em que Deus olhe e cuide do Brasil. Certamente, não é o Deus da vida, não é o Jesus compassivo, libertador, misericordioso e defensor dos pobres e oprimidos. Neste aspecto, qualquer cristão possa discordar em pontos de sua eclesialidade, doutrina, rito, etc., mas na compreensão do rosto de Deus a partir dos pobres e da prática máxima do amor, concluirá: não é de acordo com a prática de Jesus e do Evangelho tal proposta violenta, opressora e de morte.

  3. Como não tem Plano de governo e sua apresentação sempre vem marcada com discurso truculento e violento, sua performance e campanha não passa pelo debate de ideias, de propostas e de projetos; mas se assenta em mentiras e fake news. O jogo de ideias falsas não passa de fraude. Mentiras carregadas de terror e de uma lógica de violência institucional e estrutural. A fraude nos remete a uma leitura atenta dos Mandamentos (Ex 20 e Dt 5) que criticam profundamente o uso da institucionalidade para o roubo e para o poder. Se tomamos outros temas, como o da educação, chega a causar náuseas o tratamento que é dado a Paulo Freire, um dos grandes nomes da educação no Brasil e o palavreado de um falso moralismo ao redor da educação sexual. Reverberam palavras do que não conhecem e transmitem para a população em geral uma ideia falsa do que é “educação e gênero”. O discurso falso vira slogan e o slogan vira verdade.

Apresentamos cinco razões para declarar Sim a Fernando Haddad:

  1. Apresenta um plano e projeto de governo. No campo da saúde: o fortalecimento do SUS, da humanização e regionalização da saúde, apoio ao Programa Mais Médicos e Saúde da Família. No campo da educação: criação de programa de permanência na escola de jovens, melhoria do ensino em escolas e regiões.
  2. Sua campanha não carrega nenhuma palavra de ódio, tais como “vou metralhar todos”. Encontramos no caminho político apresentado por Fernando Haddad e Manuela, uma campanha marcada pelo diálogo;
  3.  Haddad é professor universitário, formado em Direito, mestre em Economia e doutor em Filosofia pela USP;
  4. Haddad criou a Controladoria Geral do município de São Paulo para prevenir e combater a corrupção, e com isso, retornou mais de R$90 milhões aos cofres públicos após dois anos de trabalho;
  5. Criou o PROUNI para conceder bolsas de estudo para pessoas de baixa renda em universidades privadas, mudando a vida de mais de um milhão de brasileiros e brasileiras.

O CEBI pede a todas e todos que leem a Bíblia e o Evangelho a serviço da vida: que se espelhem nos passos das orientações de vida e nas histórias e narrativas dos antepassados. Que façam coro com a profecia que derruba, arranca e destrói o que estragava a vida, e que anuncia tempos de esperança e liberdade (Jr 1,10). Que deem as mãos para aquelas e aqueles que reconhecem a sabedoria que vem dos pequenos e das pequenas, da casa para a vila e do clã para a periferia. Nós somos guiados pela prática libertadora de Jesus que é transformada em memória no Evangelho, e que é propagada pelas comunidades em sua missão na defesa da vida comunitária, da solidariedade e da justiça.

Direção Nacional do CEBI

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