Organizações evangélicas latino-americanas se manifestam sobre queimadas na Amazônia
Dados do Inpe mostram que houve um aumento de mais de 80% de incêndios florestais no Brasil neste ano comparando com o mesmo período de 2018 e que a Amazônia é o bioma mais afetado – ela concentra mais da metade dos focos. A hashtag #PrayForAmazonia ficou entre os assuntos mais comentados no Twitter em todo o mundo, chegando a ocupar o primeiro lugar (Fonte: G1).
Jornais internacionais estão dando destaque aos acontecimentos. A União Europeia e o Estados Unidos já manifestaram preocupação com a situação. Diante do cenário, a Coalizão Evangélica pela Justiça Climática, que reúne organizações cristãs de diversos países da América Latina, tornou público um manifesto pela Amazônia. Confira abaixo, na íntegra.
DOR E SOLIDARIEDADE PARA NOSSA AMAZÔNIA
COALIZÃO EVANGÉLICA PELA JUSTIÇA CLIMÁTICA
Diante dos fogos que consomem grandes extensões de flora e fauna da nossa Amazônia, as organizações que compõem a Coalizão Evangélica pela Justiça Climática expressam:
Profunda dor diante dos gritos e o clamor de nossos territórios, assim como os irmãos e irmãs dos povos indígenas que hoje sofrem pela ultrajante destruição de um dos pulmões de nossa casa comum, que por sua vez é base do sistema de vida. Esse grito nos faz lembrar nossa insensibilidade, silêncio permanente e passividade frente às decisões políticas e práticas de coexistência com nosso ecossistema que vai contra com os direitos ambientais. Por isso, nós pedimos perdão.
Apoio às organizações e comunidades de fé que historicamente estão lutando pela defesa dos direitos ecológicos na Amazônia, e nos solidarizamos com as ONGs ambientalistas que foram acusadas pelo presidente Jair Bolsonaro de serem responsáveis pelos incêndios na Amazônia brasileira. Requeremos ao governo Brasileiro que mude seu discurso de polarização, para ações que contribuam para a mitigação e o controle dos incêndios em colaboração com outros.
Instamos o governo Brasileiro, aos demais países da Bacia Amazônica, às Nações Unidas, ao Grupo G8 e em geral a toda a comunidade internacional, a tomar medidas urgentes para deter os incêndios e proteger a floresta Amazônica. Igualmente urgimos a estas instâncias de poder a adotarem políticas conjuntas que freiem o desmatamento e a destruição de territórios, assim como a invasão e apropriação de terras.
Encorajamos aos cristãos e cristãs para assumirem um papel vigilante a fim de que as comunidades locais tenham acesso e controle sob os territórios e bens comuns. Pedimos para serem coerentes e responsáveis com a demanda bíblica do cuidado da criação, nos limites da satisfação das nossas necessidades, respeitando a humanidade presente e futura, assim como todo o nosso ecossistema.
Como crentes em um Deus que ama a justiça, nós prometemos continuar intercedendo pela cura e pela justiça em nossas terras Amazônicas, mantermos informados e nos assumindo como agentes vigilantes no cuidado e defesa da criação. Finalmente, nos unimos ao sentimento de nossos povos nativos que nos desafiam a viver em harmonia com a criação.
América Latina, 22 de Agosto de 2019
COALIZÃO EVANGÉLICA PELA JUSTIÇA CLIMÁTICA
Aliança Anglicana na América Latina e no Caribe;
Rede Lausane para o Cuidado da Criação;
Fraternidade Teológica Latino Americana (FTL);
Fraternidade Paz e Esperança;
Associação de Grupos Evangélicos Universitários do Peru (AGEUP);
Grupo de Estudos Multidisciplinares sobre Religião e Incidência Pública (GEMRIP).
Tearfund América Latina;
Associação Comunidade e Mudança;
Sociedades Bíblicas Unidades do Equador;
Associação Vida Abundante;
Memória Indígena;
Renovar Nosso Mundo – Peru;
Miqueias Latina;
Agência para o Desenvolvimento MOPAWI;
Comunidade de Estudos Teológicos Interdisciplinares (CETI);
Renovar Nosso Mundo – Brasil;
Coletivo Ame a Verdade;
Rede Ecumênica da Água;
Conselho Mundial de Igrejas.