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As máscaras caíram…

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As máscaras caíram…

As máscaras caíram…

“Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês são como sepulcros caiados: bonitos por fora, mas por dentro estão cheios de ossos e de todo tipo de imundície. Assim são vocês: por fora parecem justos ao povo, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e maldade” (Mt 23:27-28)

Em um contexto de pandemia da COVID-19 tivemos que aprender a utilizar máscaras como símbolo de proteção mútua no cotidiano, assim sendo, passamos por muitas fases neste longo processo, a saber: negação do uso; uso no queixo; uso sem lavagem; usos customizados a partir de cores e temas…porém, não é sobre este tipo de máscara que quero refletir.

Aqui no território do Recôncavo da Bahia nos festejos populares onde fé-folia se combinam o uso da máscara por foliões é planejado com muito empenho por “mascarados” e ou “caretas” nas expressões culturais que sinalizam uma estética do horror que é capaz de produzir medo e beleza pelas ruas da cidade. Quem habita por trás da máscara? Ora, neste contexto específico, a máscara esconde e revela simultaneamente, uma vez que, camuflada a identidade, do folião seu movimento no campo festivo oferece maior liberdade para suas ações, porém, não é sobre este tipo de máscara que quero refletir.

Na realidade, minha indagação é sobre a espiritualidade cristã exercida por alguns fiéis que leem a bíblia muitas horas por dia e oram com “relógio na mão” como se existisse um cronômetro celestial fiscalizado por anjos que fazem relatórios no seu cotidiano. Confesso com muita tristeza que esse modelo de espiritualidade é vazio e fétido, ou seja, é alienante e, por vezes, perverso e desumanizador.

As máscaras estão caindo! Hipócritas! Possuem um projeto de poder político bélico e diz que essa é a vontade de Deus? Fazem esquemas de propina e articulações com milícias e diz que é a vontade de Deus? Mandam matar, se prostituem, desviam milhões dos cofres públicos, fazem lavagem de dinheiro e diz ser a vontade de Deus? Reforçam desigualdades sociais em tom de meritocracia e diz que essa é a vontade de Deus? Defendem o genocídio da juventude negra e o racismo estrutural e diz que essa é a vontade de Deus? Violentam mulheres e matam homossexuais e diz que essa é a vontade de Deus?

Confesso, cansei desses missionários do ódio e coveiros da esperança. Mercenários da fé e ilusionistas da moralidade. Até quando ficarão impunes? Até quando haverá “inocência” de alguns fiéis que se iludem com lideranças religiosos-políticas que exercem performances de compaixão da amorosidade? Os lábios dessas lideranças pronunciam o nome de Deus e suas práticas revelam mamon. Falam de amor, mas semeiam discórdia.

Ora, o que mais me assusta é que após as máscaras caírem no chão e esses homens e mulheres mostrarem seus rostos reais, imaginava que muitos iludidos iriam acordar e mudar de perspectiva, entretanto, estava completamente enganado. Hoje suspeito que a admiração quase que “tiete idolátrica” não é por dimensão de alteridade ou empatia, ou seja, é espelho mesmo.

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