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Bem-vindo, Papa Francisco!
Começou nesta tarde (06/09/2017) a visita do Papa Francisco à Colômbia. Será em Bogotá, Villavicencio, Medellín e Cartagena (Que pena que não vai a Cali!). Os bispos da Conferência Episcopal da Colômbia afirmaram até se cansar, assim como outros representantes oficiais do catolicismo, que a visita “tem fins pastorais e não políticos”. Mas, penso que seria melhor dizer, como já soube de alguns amigos sacerdotes, que “é uma visita pastoral que terá claras repercussões políticas”.
Como desconsiderar as implicações políticas da visita do Papa. Chega menos de um ano após a assinatura do “Acordo Final para o Fim do Conflito e a Construção de uma Paz Estável e Durável” entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Chega a apenas oito meses das em que se coloca em jogo grande parte da implementação do Acordo.
Vem menos de uma semana depois que as FARC se tornaram um partido político (Partido Fuerza Alternativa Revolucionaria do Común) e, algumas horas depois de ter se acordado em Quito um cessar-fogo e hostilidades temporárias entre o Governo Nacional e o Exército de Libertação Nacional (ELN). Francisco chega no meio da confusão dos candidatos presidenciais e um intrincado emaranhado de interesses políticos daqueles que, a qualquer custo, querem parar esses processos.
Ele declarou sem hesitar seu apoio ao processo de paz. “Uma Colômbia em paz deve ter memória, coragem e esperança”, disse um jornalista colombiano que perguntou sobre a questão na Cracóvia. Ele acrescentou: “Para qualquer país avançar, deve-se ter três referências: memória da história recebida, coragem para enfrentar o presente e esperança para o futuro”. Em setembro de 2015, referindo-se ao processo de paz, ele disse: “Não temos o direito de nos permitir outro fracasso neste caminho de paz e reconciliação” e, após o acordo sobre o fim do conflito anunciado em Cuba, ele disse que estava “muito feliz” pelas “boas notícias”, indicando que seu desejo era que “os países que trabalhavam para realizar a paz e que são seus garantidores protejam esse acordo para que não se possa voltar a um estado de guerra”.
É por isso que muitos dos que se opuseram ao plebiscito de outubro do ano passado se opõem à visita. Estes foram os que tentaram, por todos os meios ao seu alcance, parar a chegada de Francisco.
Nesta visita, o confronto não é entre católicos papistas e protestantes antipapistas, como já foi um dia. O confronto é entre aqueles que querem que os Acordos de Paz continuem com êxito sua fase de implementação e aqueles que procuram detê-los. É por isso que, assim como aplaudi o Prêmio Nobel da Paz pelo Presidente Juan Manuel Santos sem ser Santista, aplaudo hoje a visita do Papa sem ser papista. Bem-vindo, Papa Francisco!