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Igreja da Inglaterra é ‘profunda e institucionalmente racista’, admite Arcebispo de Canterbury

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Igreja da Inglaterra é ‘profunda e institucionalmente racista’, admite Arcebispo de Canterbury

Igreja da Inglaterra é ‘profunda e institucionalmente racista’, admite Arcebispo de Canterbury

[IHU online]

O Arcebispo de Canterbury falou de sua tristeza e vergonha pela história de racismo da Igreja da Inglaterra, enquanto era feita uma votação para pedir desculpas pelas décadas de erros junto a comunidade negra e etnias minoritárias desde a chegada da geração Windrush[1] no Reino Unido.

O Reverendíssimo Justin Welby disse que a Igreja da Inglaterra continuava “profunda e institucionalmente racista”, em discurso feito enquanto o Sínodo Geral aprovava, por unanimidade, uma moção para lamentar e se desculpar pelo racismo tanto consciente quanto inconscientemente praticado.

Ao introduzir a moção, o participante do sínodo Rev. Andrew Moughtin-Mumby, da Diocese de Southwark, “falou do racismo horrível, humilhante” vivido pela família de um de seus paroquianos, cujos membros foram impedidos de entrar em uma igreja a sul de Londres por serem negros.

O Rev. Moughtin-Mumby disse que a família de Doreen Browne fora barrada de entrar na Igreja de São Pedro em 1961 “devido ao fato escancarado da cor da pele negra deles”.

“Eles depois encontraram um lar em uma comunidade paroquial próxima, mas nós sabemos que muitos anglicanos de nascimento da região caribenha não encontraram isso, e simplesmente deixaram a Igreja da Inglaterra. É um escândalo nosso”, disse.

“Os Doreens sofreram um racismo horrível, humilhante que ainda afeta a relação deles com a Igreja, ainda hoje”.

Welby, que expressou que sentiu a necessidade de abandonar o seu discurso preparado para a ocasião após ouvir as palavras do Rev. Moughtin-Mumby, contou ao sínodo que ficou “quase sem o que dizer”.

Ele disse: “Pessoalmente, sinto muito e estou envergonhado. Estou envergonhado pela nossa história e estou envergonhado pelo nosso erro”.

E acrescentou: “Não há dúvida quando olhamos para a nossa igreja, de que ainda somos profunda e institucionalmente racistas. Sejamos claros aqui. Eu disse isso ao Colégio dos Bispos alguns anos atrás e é verdade”.

Welby afirmou que este “ambiente hostil” deve se transformar em um “ambiente hospitaleiro, acolhedor”, e propôs um progresso “radical e decisivo” na questão para pôr um fim ao racismo institucional.

Segundo ele, “se não formos radicais e decisivos nessa questão, iremos ter essa mesma conversa a daqui vinte anos e continuaremos cometendo injustiças – os poucos de nós que permaneceremos, merecidamente”.

Buscando uma maneira de resolver o problema no futuro, Welby comentou que “regras básicas” se fazem necessárias daqui para frente, inclusive tendo minorias étnicas ou outras minorias discriminadas sendo representadas, com nomeações, dentro da igreja.

“Não dá certo quando longas listas só contam com uma única cor”, disse ele. “Não dá certo”.

Como parte da moção de terça-feira, o sínodo votou favorável a uma pesquisa sobre o impacto do racismo em termos de membros que abandonaram a igreja e sobre o fechamento de igrejas ao longo dos anos. Também ficou para ser nomeada uma pessoa independente para avaliar a situação atual da questão da raça e etnia na Igreja da Inglaterra.

Nota:

[1] Figuras ligadas à emigração das ex-colônias britânicas no Caribe. (Nota do tradutor)

A reportagem é de Aine Fox, publicada por The Independent, 12-02-2020. A tradução é de Isaque Gomes Correa para o IHU Online.

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