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Igreja da Inglaterra publica diretrizes para celebrar a transição de pessoas transgênero
A orientação pastoral, que será incorporada ao Livro de Oração Comum, encoraja o clero a ser “criativo e sensível” ao usar a liturgia para que se permita às pessoas transgênero a celebração e o reconhecimento da principal transição de suas vidas.
Ela recomenda formalmente a incorporação do rito de Afirmação da Fé Batismal em ações litúrgicas que reconheçam a transição de gênero.
Detalha como elementos, incluindo água e óleo, podem ser incorporados ao rito e deixa claro que as pessoas trans, crucialmente, devem ser tratadas publicamente pelo nome escolhido.
Como parte do serviço, eles podem também receber alguns presentes, como uma Bíblia inscrita com seus novos nomes ou um certificado.
É importante também, de acordo com a orientação, que a ocasião tenha um “caráter de celebração” distinto.
“A Igreja da Inglaterra recebe e encoraja o reconhecimento incondicional das pessoas trans, como todas as pessoas, dentro do corpo de Cristo, e se alegra na diversidade do corpo no qual todos os cristãos têm sido batizados pelo único Espírito”, enfatiza a orientação.
O documento – aprovado pela Casa dos Bispos, atualmente reunida em Londres – segue a moção esmagadoramente adotada pelo Sínodo Geral em 2017, reconhecendo a necessidade de se receber e reconhecer as pessoas transgênero nas igrejas.
O documento foi produzido em consulta com a Reverenda Dra. Tina Beardsley, a Reverenda Sarah Jones e a Reverenda Canon Dra. Rachel Mann, que têm interesses pessoais no assunto e têm também consultado amplamente àqueles que são diretamente afetados, bem como o clero.
Elas disseram: “Coletivamente temos buscado assegurar que as novas diretrizes trazidas pela Orientação Pastoral promovam um rico e generoso espaço para que as pessoas trans insiram suas vidas na liturgia já existente da Afirmação da Fé Batismal”.
O rito da Afirmação da Fé Batismal não é um segundo batismo. A Igreja da Inglaterra ensina que o sacramento do batismo só é realizado uma única vez.
No entanto, este rito permite às pessoas a renovação de seus compromissos feitos no batismo e em um ambiente público, e proporciona espaço para que aqueles que tenham passado por uma grande transição dediquem novamente suas vidas à Jesus Cristo.
Como parte central da Afirmação da Fé Batismal, o ministro põe suas mãos sobre a(o) candidata(o) ou candidatas(os), as(os) chamam pelo seu nome, e ora por elas(es).
A orientação ressalta: “Para uma pessoa trans, ser chamada e tratada pelo seu novo nome liturgicamente pela primeira vez deve ser um momento poderoso do serviço”.
O Bispo de Blackburn, Julian Henderson, presidente da Comissão de Delegação da Casa dos Bispos, que supervisionou o trabalho de produção das novas diretrizes disse: “Nós estamos absolutamente convictos de que todos são feitos à imagem de Deus e que todos devem encontrar um acolhimento na Igreja paroquial” .
“Esta nova orientação proporciona uma oportunidade, firmada nas Escrituras, de permitir que a população trans que tenha ‘recebido a Cristo como o caminho, a verdade e a vida’, celebre sua transição na presença da família da Igreja, que é o corpo de Cristo. Nós recomendamos a orientação para uso mais amplo”.
Tradução: Petrus Carvalho