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Dr. Dráuzio e o abolicionismo sem pés no chão

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Dr. Dráuzio e o abolicionismo sem pés no chão

Dr. Dráuzio e o abolicionismo sem pés no chão

Eu estou vendo passar na minha janela virtual essa carreata de comoção de vocês progressistas/esquerdistas/abolicionistas/antipunitivistas/antirracistas.

Todos chocados com a perversidade de setores fundamentalistas/moralistas/religiosos atacando o Dr. Dráuzio Varella por ter atitudes de cidadania com irmãs trans em situação de privação de liberdade.

Dizem que o médico é conivente com os crimes das mulheres porque cuida delas, porque as abraça.

Dizem que ele é criminoso também, porque “quem se mistura com porco, farelo come”… E se ele gosta tanto dessas criminosas, certamente ele compactua com seus crimes.

Dizem, inclusive, que ele merece ir pro inferno…

Eu sei que isso choca vocês. Mas não me choca.
“Porque eu vivo o Negro Drama; eu sou o Negro Drama”.
Eu e meu marido, Skel, sabemos o que é ter nossa idoneidade posta em cheque por causa da molecada com quem a gente anda. Desconfiam de nós por conta da nossa proximidade com meninos e meninas à margem.

A gente anda muito perto das sementinhas do mal. Certamente nossas raízes se tornaram malignas também, certo? É o que vocês pensam, mas não têm coragem de dizer. Mas eu digo!

São muitos os que condenam eternamente as práticas que os jovens com quem atuamos produziram no passado.

Agora, pasmem: esses julgamentos que nos ferem diretamente não vem do ministro da educação!!! Vem de “militantes”, que escrevem textos que te emocionam na internet.

Gente que “luta”, que “não solta a mão de ninguém”, que “quando sobe puxa o outro”, que tá no “Black Money” até o talo, mas que não confia em deixar a bolsa com dinheiro e celular perto dos meus filhos…

(Silêncio. Eu preciso respirar…)

É por isso que a nossa rede de apoio não é grande. Porque são poucos os que sustentam na vida real as hashtags que sobem nas redes sociais.

É por isso que nossa rede de apoio é pequena.
Porque pra ser abolicionista de verdade você precisa sentir na planta dos seus pés o mesmo chão que os sujeitos vulneráveis pisam.

Não é caridade.
É justiça.
É restauração.

Seguimos.
Poucos, mas seguimos integralmente juntos e juntas.

Mulher preta cristã na resistência, educadora social, Diretora Executiva do Odarah Cultura e Missão, membra da Comunidade Batista em São Gonçalo.

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