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Precisamos avaliar os candidatos à reeleição da Bancada Evangélica

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Precisamos avaliar os candidatos à reeleição da Bancada Evangélica

Mais de três mil lideranças evangélicas que atuam por um processo eleitoral que traga justiça e paz para os brasileiros lançaram a Carta Pastoral à Nação Brasileira.

Nela, afirmam o compromisso com o voto como exercício de cidadania, alinhado “com os valores do Reino de Deus, evidenciados na defesa dos mais pobres e dos menos favorecidos, na crítica a toda forma de injustiça e violência, na denúncia das desigualdades econômicas e sociais, no acolhimento aos vulneráveis, na tolerância com o diferente, no cuidado com os encarcerados, na responsabilidade com a criação de Deus, e na promoção de ações de justiça e de paz”.

Estas declarações/orientações são importantes em um processo eleitoral que tem sido marcado por forte discurso religioso, boa parte das vezes sob uma estratégia de instrumentalização da religião e da fé.

É preciso, no entanto, fugir da armadilha das campanhas e da cobertura noticiosa que direciona os holofotes para a disputa dos cargos majoritários, Presidência da República e governo dos estados, e acaba desprezando a eleição para as cadeiras do Congresso e das Assembleias Legislativas.

A eleição de senadores e deputados federais e estaduais é importantíssima, uma vez que são estes os políticos que vão projetar e aprovar leis que dizem respeito a todas as áreas da vida coletiva.

Um Congresso pode respaldar um plano de governo, como ocorreu nos dois governos de Fernando Henrique e Lula, ou se opor a ele e inviabilizá-lo, como se deu no segundo governo de Dilma Rousseff, sob a batuta de Aécio Neves no Senado e Eduardo Cunha na Câmara.

Um Congresso pode ser voltado para decisões em torno da garantia e da ampliação de direitos para todos, considerando e respeitando a pluralidade de grupos e demandas que permeiam a população.

E pode ser também o Congresso mais conservador desde a ditadura de 1964, como este que está terminando o mandato, que atua para manter privilégios do capital externo, de empresários, altos comerciantes, de banqueiros, de grandes proprietários de terras e de grupos religiosos.

Tudo isto com desprezo às necessidades fundamentais dos mais empobrecidos, da população média, dos trabalhadores, dos indígenas, das mulheres, dos indivíduos com deficiência, entre tantos.

Por isso, é importantíssimo que eleitores avaliem como os deputados e senadores que querem se reeleger votaram em matérias de interesse geral da população. Também que o voto seja de qualidade para as novas candidaturas, ponderando-se como quem se candidata se coloca em relação a essas matérias.

No tocante à Bancada Evangélica na Câmara, entre os 94 deputados eleitos, titulares e suplentes, que atuaram na última legislatura, 73 buscam ter mais um mandato na Câmara, um quer ser presidente e sete tentam se tornar senadores.

Quanto aos outros 13, quatro decidiram não se candidatar, um teve o mandato cassado por abuso de poder (Pastor Franklin Felix, PP/MG), um faleceu e sete foram eleitos prefeitos em 2016. Destes, seis estão no exercício do cargo pois um foi cassado por abuso de poder (Marquinhos Mendes, MDB/RJ, Cabo Frio).

Entre os quatro senadores, dois buscam a reeleição, um foi eleito prefeito em 2016 (Marcelo Crivella, PRB/RJ, Rio de Janeiro) e um decidiu não concorrer (Walter Pinheiro, sem partido, BA).

No processo eleitoral é preciso avaliar com firmeza aqueles que pedem o voto para “melhorar as condições da vida do povo”, mas no Congresso votaram a favor de propostas do governo Temer de congelar gastos públicos ou da retirada de direitos dos trabalhadores.

Importa também observar se quem tem o discurso contra a corrupção e votou pelo impedimento de Dilma Rousseff acabou votando contra a abertura de processo, pelo STF, por prática de crime comum do presidente Michel Temer.

Por isso, apresento a seguir a minha pesquisa sobre como votaram os deputados e senadores da Bancada Evangélica no Congresso Nacional. É certo que em comissões, a Bancada Evangélica tem se dedicado aos temas da moralidade sexual religiosa, especialmente para barrar e diminuir direitos para mulheres e pessoas LGBTI e controlar conteúdos da matriz curricular das escolas.

Neste espaço são enfatizadas as pautas relevantes de interesse geral da população que passaram por votações em plenário. Desta forma contribuímos aqui com a expectativa dos líderes evangélicos em sua Carta Pastoral, de que eleitores cristãos “exerçam o voto cidadão, comprometido com os valores do Reino de Deus de paz com justiça”.

Os senadores evangélicos Magno Malta (PR/ES) e Eduardo Lopes (PRB/RJ), que concorrem à reeleição para os seus cargos, votaram “sim” pela redução de direitos para trabalhadores, pelo projeto de terceirização total, pela entrega do pré-sal a multinacionais.

Eduardo Lopes não participou da votação da PEC da redução de gastos e Magno Malta votou “sim”. Os dois votaram pelo impeachment de Dilma Rousseff.

Fonte: Diálogos da Fé/Carta Capital/3/10/2018

Jornalista, educadora, membro da Igreja Metodista. É doutora em Ciências da Comunicação, mestre em Memória Social e graduada em Comunicação Social (Jornalismo). É autora de "Explosão Gospel. Um olhar das ciências humanas sobre o cenário evangélico contemporâneo", pela Editora Mauad. É integrante do Grupo de Referência da Peregrinação de Justiça e Paz do Conselho Mundial de Igrejas. É colunista da Carta Capital.

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