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A lei (Levítico 18:22 e 20:13)
Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; é abominação.
Se também um homem se deitar com outro homem, como se fosse mulher, ambos praticaram coisa abominável; serão mortos; o seu sangue cairá sobre eles.
Apenas dois versículos em toda a Bíblia hebraica tratam de maneira explícita da homossexualidade e ao mesmo tempo se encontram no livro de Levítico numa seção conhecida como o Código de Santidade (Levítico 17 a 26). Quando a palavra hebraica “santidade” é utilizada, uma melhor tradução seria a palavra “separado”. Portanto, “Sejam santos (separados), porque eu, o SENHOR, o Deus de vocês, sou santo (separado) (Levítico 19.2). Os israelitas foram chamados para ser separados dos cananeus que ocupavam anteriormente a mesma terra. Este código conclui: “Não façam como se faz na terra do Egito, onde vocês moraram, nem façam como se faz na terra de Canaã, para onde eu os estou levando. Não andem segundo os estatutos desses povos. Cumpram os meus juízos e guardem os meus estatutos, para andarem neles. (Levítico 18.3-4). Para sobreviver e manter sua identidade étnica, o povo hebreu tomou posse da terra e tinha que se assegurar de que não adotaria os costumes dos povos que os rodeava.
Os que violaram Levítico 18.22 e 20.13 (concretamente o segundo) sofriam a morte. Se tivéssemos que ler a Bíblia literalmente, deveríamos matar todos os homens gays? Mas o mandamento não para com os homens gays. A Bíblia pede a morte dos adúlteros (Levítico 20.10), das noivas que em sua lua de mel se descubra que não eram virgens (Deuteronômio 22.13-21), dos adolescentes rebeldes (Levítico 20.9) e dos blasfemos (Levítico 24:15).
Em geral, ignoramos passagens como a de matar os adolescentes que faltam com respeito — e devemos fazê-lo. Mas por que ignorar este versículo e não os que mencionam a homossexualidade? Colocando de lado esta questão, também temos que nos perguntar se estes dois versículos são realmente sobre homossexualidade. Como a palavra “homossexual” não existe na linguagem bíblica hebraica, a tradução direta é “não deitar-se com um homem como se fosse mulher”. Fazê-lo constitui um ato detestável, uma abominação. Outras abominações incluem o uso indevido do incenso (Números 16.39, 40); oferecer um animal defeituoso como sacrifício (Deuteronômio 17.1); comer animais imundos, como mariscos (Levítico 11.10), ou contato com seus cadáveres (Levítico 11.11) e carne de porco, junto com outros animais com unhas fendidas (Deuteronômio 14.4-8); voltar-se a casar com um ex-cônjuge (Deuteronômio 24.4); ou ter relações sexuais com uma mulher durante seu ciclo de sete dias de menstruação (Levítico 20.18-24; Ezequiel 18.6).
Por que é ritualmente impuro o “deitar-se com um homem como se fosse mulher”? A resposta se encontra no versículo anterior, especificamente em Levítico 18.21, que proíbe o sacrifício de crianças. Se tivéssemos que vincular estes dois versículos, um homem que se deita com um homem é uma abominação, já que se refere ao “sexo sagrado” que ocorria dentro da religião no mundo antigo, com uma classe especial de prostitutas que serviam a estas necessidades em muitos dos estabelecimentos religiosos. O deitar-se com um prostituto sagrado seria considerado uma abominação, já que segue as práticas ritualísticas de quem os hebreus tinham que se separar.
* Traduzido e adaptado de A la Familia: una conversación sobre nuestras familias, la Biblia, la orientación sexual y la identidad de género, escrito pelo Rev. Dr. Miguel de la Torre, Rev. Dr. ignacio Castuera e Lisbeth Meléndez Rivera, produzido por Unid@s LGBT, Human Rights Campaign Foundation e National Gay and Lesbian Taks Force.
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