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Pastoras e pastores da IPU emitem manifesto sobre conjuntura nacional

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Pastoras e pastores da IPU emitem manifesto sobre conjuntura nacional

Pastoras e pastores da IPU emitem manifesto sobre conjuntura nacional

[do CONIC]

Pastoras e pastores da Igreja Presbiteriana Unida (IPU) emitiram, nesta terça-feira, 15 de outubro, um manifesto sobre a conjuntura nacional do Brasil. No documento, os religiosos afirmam que, nos últimos tempos, estão “presenciado uma sucessão quase ininterrupta de acontecimentos que colidem de frente com todos os compromissos” históricos da denominação, fundada “em plenos anos de chumbo”. No texto, também denunciam que o caráter laico do Estado vem sendo “pisoteado por atitudes dos governantes, que privilegiam dirigentes de determinados grupos religiosos com benesses, como a concessão indevida de passaportes diplomáticos e outros agrados”.

“Apesar de assustadora, essa realidade tem sido mascarada por um discurso sedutor e mentiroso proferido no púlpito de muitas igrejas. Disfarçado sob um manto piedoso, falsos profetas têm promovido a morte e a divisão em nosso país e nossas igrejas”, alertam.

A seguir, confira a íntegra:

Manifesto de Pastoras e Pastores da Igreja Presbiteriana Unida (IPU) sobre a conjuntura nacional do Brasil

“Se vocês se calarem, as próprias pedras falarão” (Lucas 19.38-40)
“…eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (João 10:10)
Como pastoras e pastores da IPU, sentimos um chamado a uma profunda reflexão sobre o que se passa em nosso país, fruto do dia a dia que vivemos como cidadãs e cidadãos do Brasil e do Reino de Deus.

Fundada em 1978, em plenos anos de chumbo, como reagrupamento de presbiterianos/as diretamente vitimados/as pelo autoritarismo dentro e fora do meio eclesiástico, a FENIP foi um dos sinais de resistência da sociedade civil e mostrou sua resistência assinando documentos e se pronunciando com firmeza contra a ditadura que se instalou no nosso país por 21 anos.

Passadas quatro décadas, a Federação tornou-se Igreja Presbiteriana Unida, ganhou corpo e assumiu um protagonismo na sociedade e em organismos ecumênicos nacionais e internacionais, como o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil onde ocupa a vice-presidência, o Conselho Mundial de Igrejas, na CESE e na Comunhão Mundial de Igreja Reformadas, na qual ocupa uma das vice-presidências.

Todos esses organismos se posicionam pela liberdade de organização da sociedade civil e pela preservação dos recursos naturais em nível planetário. Esses posicionamentos não são mera agenda ditada por modismos políticos, mas compromissos firmemente embasados na Palavra de Deus e em sólida reflexão teológica, a mesma em que se assentam os documentos fundantes da IPU.

No Brasil, neste ano de 2019, temos presenciado uma sucessão quase ininterrupta de acontecimentos que colidem de frente com todos esses compromissos.  A lista é extensa e se amplia quase diariamente, por isso apresentamos um elenco resumido:

– No Estado do Rio de Janeiro, a pretexto de se proteger os cidadãos de bem, o aparato policial adota uma lógica de guerra total nas comunidades de periferia, na qual o abate de crianças e trabalhadores é considerada mero efeito colateral do combate ao narcotráfico.  Autoridades são vistas comemorando mortes com estardalhaço, nesta política necrofascista;

– Nos últimos meses temos visto ataques contra a vida desses pequeninos. Dentre essas ações destacamos o cerco e o constante fogo sob os quais comunidades pobres tem se submetido. Este ano, cinco crianças foram sacrificadas em circunstâncias semelhantes. Além da maneira pela qual foram mortas, essas pequeninas guardam entre si o fato de serem e viverem em comunidades negras e pobres.

– Vítimas da perseguição política na Ditadura têm sua memória vilipendiada, ignorando depoimentos tomados formalmente de membros do próprio aparelho repressor, que reconheceram a ocorrência de assassinatos brutais perpetrados contra opositores do regime;

– Aumenta a violência contra lideranças indígenas, populações tradicionais e dos/as trabalhadores/as rurais;

– O caráter laico do Estado é pisoteado por atitudes dos governantes, que privilegiam dirigentes de determinados grupos religiosos com benesses, como a concessão indevida de passaportes diplomáticos e outros agrados. Há um enorme esforço de se tatuar nas igrejas e no povo evangélico do Brasil e marca de apoiadores gratuitos deste governo. Discursos cristofascistas têm sido proferidos nos púlpitos das igrejas em nome de Deus;

– A educação pública e gratuita, direito da população, é relegada plano secundário, com um corte de verbas que compromete a gestão das instituições de Ensino Superior;

– Denúncias de incêndios criminosos da floresta em pé na Amazônia – confirmadas por dados científicos de reconhecida seriedade – são ignoradas, distorcidas ou atribuídas a inocentes práticas de queimadas em terras cultivadas. O aparato fiscalizador dessas práticas é desmantelado, com o cancelamento de multas e preservação de equipamentos utilizados em desmatamento florestal;

– Os espaços de participação e controle popular, como os Conselhos, tão importantes em qualquer sociedade democrática, estão sendo desmontados e extintos;

– O número de feminicídios tem crescido assustadoramente no nosso país, os agressores sentem-se incentivados e fortalecidos pelos pelo discurso antifeminista, machista, misógino, do atual Presidente da República e que marcou toda a sua carreira pública;

Apesar de assustadora, essa realidade tem sido mascarada por um discurso sedutor e mentiroso proferido no púlpito de muitas igrejas. Disfarçado sob um manto piedoso, falsos profetas têm promovido a morte e a divisão em nosso país e nossas igrejas.

O alerta do profeta Isaías, relembrado por Jesus Cristo, serve-nos de alerta para os acontecimentos testemunhados por nós: “Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos humanos.” (Marcos 7:6,7)

Não é necessário simpatia ou filiação a este ou aquele partido político para perceber esses acontecimentos e seu caráter contrário aos princípios que nortearam os documentos e compromissos da IPU.  Mesmo apoiadores dos governantes eleitos têm levantado suas vozes pela correção de rumos que vêm adotando.

Além da vida de irmãzinhas e irmãozinhos nossos, a natureza, dom divino e meio primeiro da revelação divina, tem sido constantemente ameaçada por um discurso que coloca o dinheiro e a economia acima de tudo. Nas palavras do Senhor Jesus: “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou irá odiar um e amar o outro, ou irá se dedicar a um e desprezar o outro. Vocês não podem servir a Deus e às riquezas.” (Mateus 6:24)

Diante de tal situação, nós, ministras e ministros da Palavra e do Sacramento da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil, nos manifestamos contra todo e qualquer discurso religioso que camufle ódio e preconceito de cor de pele, gênero, ideologia ou qualquer forma de posicionamento diante do mundo e da sociedade.

Afirmamos a necessidade de nos unirmos em torno dos valores do Reino, que estão acima de qualquer posicionamento político e não toleram atitudes idolátricas ou que ergam um simples ser humano à condição de um mito ou semideus.

Denunciamos que armas não são o caminho para a paz escolhido por Cristo. Como disse o Mestre: “…Bem-aventuradas as pessoas que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus.” (Mateus 5:9)

Afirmamos a promoção da vida plena como valor básico do Reino, valor esse combatido e atacado pelos discursos político e religioso dos dias atuais em nosso país.

Conclamamos irmãs e irmãos, lideranças e comunidades da Igreja Presbiteriana Unida a refletirem sua vida e sua caminhada de fé à luz das escrituras sagradas, que têm na vida e nas palavras de Jesus Cristo seu critério máximo de interpretação, para que não nos enganemos com discursos rasos e passageiros que nos desviam os olhos do verdadeiro objetivo da fé cristã: a proclamação do Reino de Deus e seus valores.

A IPU é uma testemunha – e protagonista – do penoso processo de reconstrução da democracia da sociedade civil em nosso país, iniciado há quarenta anos e ainda hoje inacabado.  Não nos assiste o direito de permanecer calados diante de retrocessos que apontam para a perda de direitos e a barbárie institucionalizada como política de Estado.

Que o sopro inspirador e renovador da Trindade Santa nos conduza e nos livre de todo tipo de engodo para que possamos nós também promover a vida plena e a criação.

Em Cristo, Senhor da Igreja,
Pastoras e Pastores da IPU

Rev. André Renato – IPU de Indaiatuba- SP/PJDI
Rev. Alexandre de Jesus dos Prazeres- IPU de Aracaju- SE/ PSVD.
Rev. Antônio Marcos de Souza – IPU de Emaús – MG/PEB
Revdª Berenice Pain Resende – IPU de Pains- MG/ PEB
Rev. Carlos Alberto – IPU Jardim das Oliveiras- SP/PSPL
Rev. Cássio Santos da Silva – IPU de Feira de Santana- BA/PSVD
Rev. Cláudio da Chaga Soares – PEB e Comunidade Presbiteriana Unida de Vitória/ES
Rev. Cláudio Márcio Reboulças – IPU de Muritiba- BA/ PSVD
Rev. Charles Alcântara – IPU Emaús – MG /PEB
Rev. Cleverson Gomes Corrêa – IPU de Maruípe- ES/ PVTR.
Rev. Daniel Amaral Filho –IPU de Brasília- DF e IPU de Formosa- GO -PEB
Rev. Dagoberto Santos Pereira –IPU de Valério Silva- BA/ PSVD
Rev. Eduardo Dutra Machado–IPU da Penha- RJ/ PRNV
Rev. Enzo Roberto – IPU de Atibaia/ Jundiaí-SP/ PJDI
Rev. Francisco Leite – IPU de Jundiaí/PJDI e Colaborador – IPU Jordanésia- SP/PSPL.
Rev. Felipe Costa – 2º Igreja Presbiteriana de BH –PEB
Rev. Isaque de Góes Costa – IPU de Brasília e IPU de Formosa- GO/PEB
Rev. Jorge Diniz – 2ºIgreja Presbiteriana de BH- MG/PEB
Rev. Luciano de Souza – IPU de Vila Yolanda- Osasco- SP/ PSPL
Rev. Luiz Pereira dos Santos- IPU Caetité- BA /PSVD
Rev. Marcos Paulo Santiago de Medeiros- PRNV/ RJ
Rev. Márcio Anhelli – IPU de Vila Proletária- RJ/PVTR
Rev. Marcelo Leandro – PSPL/ SP
Rev. Mizael Pinto de Souza- PSPL/SP
Revdª Martha Medeiros – PRNV/ RJ
Revdª Neusa Maria Gomes da Silva –IPU da Penha- RJ /PRNV
Rev. Percílio Bispo IPU de Itapagipe – BA/ PSVD
Rev. Pedro Lísias -IPU Campo Grande- ES. Auxiliar na IPU/IBES- Vila Velha- ES/PVTR
Revdª Raimunda Cilene Bastos – IPU Amazônia- PA /PEB
Rev. Reinaldo Olécio – 1ºIgreja Presbiteriana de Vitoria –ES / PVTR
Rev. Rodrigo Coelho- PRNV /RJ
Rev. Sandro Cerveira – PEB/MG
Revdª Sônia Mota – CESE/ PSVD/BA
Rev. Ulisses Mantovani – PVTR/ES
Rev. Wislanildo Franco – IPU de Bonsucesso- RJ / PVTR
Rev. Zwinglio Mota Dias- PRNV/ RJ

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